PUNIDOS POR MANIFESTAÇÃO Jovens “obrigados” a serviço de interesse público estão a elaborar Contra a vontade dos pais, dos colegas e da própria direcção da Escola Secundária de Penacova, os três alunos que, no ano lectivo anterior, foram condenados pelo tribunal a prestarem 20 horas de «serviço de interesse público» naquele estabelecimento de ensino por terem organizado uma manifestação contra o Estatuto do Aluno, começaram esta segunda--feira a cumprir “pena”. Por decisão da direcção da escola, nomeadamente da directora, Ana Clara, os três jovens – um deles já aluno do Ensino Superior neste momento – terão de deslocar-se àquele estabelecimento de ensino todas as segundas-feiras, até ao dia 8 de Março, entre as 14h00 e as 18h00, ficando responsáveis pela elaboração do primeiro regulamento das eleições para a Associação de Estudantes, documento que não existia na escola até então. «Fizemos questão de os colocar a fazer um trabalho válido, de formação cívica, que seja uma marca para todos os que, no futuro, ocuparem o lugar que eles ocupavam na altura dos acontecimentos» - recorde-se que os três jovens faziam parte da Associação de Estudantes -, explicou a directora da escola ao Diário de Coimbra, admitindo que «terá sido, talvez, por falta de formação» que uma simples manifestação acabou com o cumprimento de uma “pena”. «No fundo, eles acabaram por não infringir nenhuma regra», adiantou Ana Clara, recordando que os três alunos, hoje todos com mais de 18 anos, não chegaram a fechar o portão da escola a cadeado. Para além disso, como contava a associação de pais na altura em que soube da necessidade de cumprimento de «serviço de interesse público», tratou-se de uma acção «que teve o apoio unânime dos estudantes, com a recusa colectiva de ir às aulas, nessa manhã». «Foi um fecho simbólico, eles estavam a exercer os seus direitos e nunca usaram a falta de educação ou a desobediência», reforçou a responsável, adiantando que ao escolher esta forma de os três alunos ocuparem as 20 horas a que foram condenados, a intenção era que «eles fizessem um trabalho que mostrasse que o que eles queriam era incentivar ao uso do que a democracia permite». E os jovens não podiam ter acolhido melhor esta tarefa. «Aceitaram muitíssimo bem», garantiu Ana Clara, que é quem está a acompanhar o trabalho dos três alunos. No fundo, ao permitir que ficassem responsáveis pela redacção do Regulamento das Eleições da Associação de Estudantes, a directora quis que os três estudantes ficassem associados à Escola Secundária de Penacova «por bons motivos e por algo positivo». Uma atitude que foi louvada por Magda Vieira, presidente da Associação de Pais da escola que, contactada pelo Diário de Coimbra, fez questão de continuar a considerar «lamentável» todo o episódio que esteve na origem desta condenação. «Achámos desde o início que esta era uma situação que devia ter sido resolvida dentro da escola, de acordo com o regulamento interno», recordou Magda Vieira, garantindo que «até hoje ainda não se sabe quem fez a queixa à GNR» que motivou a identificação dos três alunos. Seja como for, e uma vez que a decisão do tribunal tem de ser cumprida, a representante dos pais louvou que o serviço que está a ser realizado pelo alunos «fique na história da escola por razões positivas».
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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
Alunos condenados em Penacova deixam “marca positiva” na escola
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